Fundador e presidente da Plastic Bank no Brasil: “Continuamos a falar sobre mudanças climáticas, mas é de mudanças nos negócios que precisamos tratar”
Em visita a um ponto de coleta da Plastic Bank no Rio de Janeiro, o empresário canadense David Katz defende a redução das desigualdades, o combate à poluição plástica nos oceanos e a reintrodução do material na cadeia de produção global
“Se cada pedaço de plástico que vemos no oceano pudesse ser facilmente trocado por cinco dólares, você acha que ainda veríamos algum no oceano?”, questiona David Katz, fundador e presidente da Plastic Bank, durante visita ao Brasil. O empresário canadense, que se dedica há mais de uma década ao desenvolvimento de um movimento de Reciclagem Social capaz de reduzir a poluição por plásticos nos oceanos e beneficiar os coletores de recicláveis, esteve pela primeira vez em uma filial de coleta da Plastic Bank no Rio de Janeiro. No local, Katz refletiu sobre uma nova forma de fazer negócios e defendeu que é preciso olhar com mais atenção para um modelo regenerativo, que seja “da sociedade para a sociedade”.
– Se quisermos sobreviver ao que está acontecendo no planeta, serão os bons negócios que vão ajudar a regenerar a Terra. Continuamos a falar sobre mudanças climáticas, mas é de mudanças nos negócios que precisamos tratar. O modelo tradicional implica em extrair valor dos outros, é quase contra a lei que as empresas sirvam à sociedade. Agora, um modelo regenerativo é projetado para servir a todas as pessoas, à medida em que cada transação vai tornando o mundo melhor.
Fundada em 2013 no Canadá, a Plastic Bank é uma empresa social que vislumbra um mundo sem resíduos, capacitando o movimento de Reciclagem Social para ajudar a impedir que o plástico polua os oceanos e promover a inclusão socioeconômica. Atualmente, a empresa opera no Brasil, na Indonésia, nas Filipinas, no Egito, em Camarões e na Tailândia (os dois últimos sob um modelo de licença), tendo recuperado mais de 94 milhões de quilos de plástico – o equivalente a mais de 4,7 bilhões de garrafas plásticas – em todo o mundo desde o início das operações.
Visionário por trás da missão da empresa, David Katz foi nomeado um dos empresários mais compassivos do mundo pela revista Salt. Ele é o ganhador do prêmio Lighthouse das Nações Unidas na categoria ‘Saúde Planetária’ e do prêmio comunitário Sustainia na Conferência do Clima COP21, em Paris.
A Plastic Bank atua no Brasil desde 2019, onde mais de 4,7 milhões de quilogramas de plástico já foram coletados para reciclagem. David Katz visitou o Sucatão de Itaguaí, localizado no município de Itaguaí (RJ), onde conversou com os coletores cadastrados no programa de bonificação da empresa.
Para Katz, a missão principal é construir um ecossistema eficaz, que possa estimular a circularidade na cadeia de suprimentos:
– Nós tratamos o plástico como vilão, esperando que o material mude, mas continuamos com o mesmo comportamento. Por muitos anos, tenho falado sobre a necessidade de “fechar a
torneira”. No começo, a discussão era sobre limpar o oceano, a praia, e nunca alcançaríamos uma solução dessa maneira. Devemos “fechar a torneira” para impedir o plástico de entrar no oceano. Agora, este está sendo o mote do Tratado Global contra a Poluição Plástica da ONU.
Através da Plastic Bank, os membros do programa recebem um bônus por cada quilo de material plástico trocado nos pontos de coleta, proporcionando renda extra e benefícios sociais que melhoram suas condições de vida. No Brasil, são mais de 3.500 membros registrados.
Todas as trocas são registradas através de uma plataforma protegida por blockchain, ajudando a verificar os relatórios e permitindo uma coleta rastreável. O plástico coletado para reciclagem é processado e transformado na matéria-prima Plástico Social, que é reintegrada em novos produtos e embalagens, promovendo um modelo de economia circular.
- O nome ‘Plastic Bank’ vem da ideia do banco como algo que implica valor, dinheiro. Conseguimos mapear os coletores que retornam o material consistentemente, então você entende o compromisso, a entrega, e vê que é uma pessoa confiável. Com quanto mais frequência eles coletam e devolvem, mais ganham créditos. Quais outros negócios podem ser criados a partir desses benefícios?
Por fim, o empresário mencionou que, com o sucesso da da Plastic Bank no Brasil, o objetivo da empresa é expandir para outros países da América Latina. Segundo o canadense, é tempo de a sociedade trabalhar para perceber valor em iniciativas que não existiam antes e dividir esse valor.
- Todo país é diferente e, mesmo assim, todos são o mesmo. Precisamos estar no resto da América Latina porque é uma combinação de onde estão oportunidades de negócios latentes, recicladores e processadores, e necessidade de soluções para o combate à poluição plástica. Queremos experimentar para, no futuro, permitir que o mundo inteiro crie seus próprios ecossistemas para destinar materiais, de modo que todas as pessoas consigam fazer um pouco de dinheiro extra. Estamos vendo uma nova geração que quer dar a vida por um propósito e isso deve nos motivar.
A visita de Katz também tem significado para as empresas do Brasil. Como contribuintes para a poluição por plástico nos oceanos, pequenas e grandes empresas são obrigadas a assumir a responsabilidade por seus resíduos plásticos e buscar soluções para este problema. Segundo um estudo recentemente divulgado pelo projeto Blue Keepers, realizado pelo Pacto Global das Nações Unidas no Brasil, o Brasil lança anualmente 3,44 milhões de toneladas de plásticos no oceano.
Com os Programas de Impacto do Plastic Bank, as empresas podem promover a sustentabilidade e atuar como catalisadores para uma mudança positiva. Esses programas apoiam os objetivos Ambientais, Sociais e de Governança (ESG), enquanto ajudam a elevar as comunidades de coleta no Brasil acima da pobreza.
Sobre a Plastic Bank
A Plastic Bank visualiza um mundo sem desperdício. Fortalecemos o movimento de Reciclagem Social que combate o plástico nos oceanos e ajuda a aliviar a pobreza. Nossas comunidades de coleta utilizam resíduos plásticos como moeda ao trocar o material, garantindo renda extra e benefícios que melhoram a qualidade de vida.
As trocas são registradas por meio de uma plataforma própria protegida por blockchain, que possibilita a coleta rastreável, garante a renda e verifica os relatórios. O material coletado é processado em matéria-prima Plástico Social® para reutilização em produtos e embalagens.
PlasticBank® e Plástico Social® são marcas registradas da The Plastic Bank Recycling
Corporation. Saiba mais em plasticbank.com.