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Embalagens: crise do Alumínio obriga convertedores a rever estruturas laminadas de alta barreira

O Alumínio tem sido por anos um dos principais componentes das embalagens flexíveis, além dos plásticos e papel. Suas propriedades de maleabilidade, barreira a óleos, oxigênio, vapor dágua e luz o tornaram preferível e para molhos atomatados e outros alimentos perecíveis, por exemplo. Não só a indústria de alimentos, mas também o setor fármaco são bons exemplos da dependência desse metal nas embalagens. Além das latas de bebidas, caixinhas longa vida, tampas e blister, é claro.

A CBA é um dos maiores extratores e transformadores de Alumínio do Brasil e América Latina, não está dando conta de abastecer o mercado de embalagens no momento. E não é por falha de produção, mas de fatores externos.

A Guerra na Ucrânia que levou a Rússia a embargos e problemas comerciais diversos só piorou o problema da disponibilidade e aumento dos custos desse precioso metal para as embalagens de alta barreira.  

O Alumínio está entre os metais industriais “mais expostos” às sanções contra a Rússia, que atingiu seu recorde histórico, com os futuros sendo negociados na casa dos US$ 3,6 mil a tonelada. Isso porque o grupo russo Rusal é o segundo maior produtor industrial de alumínio do mundo.

Os convertedores brasileiros estão pagando entre 44 a 50 reais o quilo da bobina das folhas de 6, 7, 8 e 9 micras e vem sofrendo sucessivos aumentos. Só esse ano aumentou cerca de 24%.

Em relatório divulgado pelo banco suíço UBS destacou que a Rússia produz cerca de 6% da oferta global de alumínio.

“Embora as principais fundições de alumínio da Rusal estejam sediadas na Sibéria, sua cadeia de suprimentos global é complexa e as possíveis restrições ao comércio com a Rusal ou ao transporte de alumina/bauxita têm o potencial de interromper materialmente os fluxos comerciais no curto prazo, impactando mais oferta do que apenas a da Rusal”.

Relatório do banco suíço UBS

De acordo com o time de análise do banco, se a Rússia interromper o fornecimento de alumínio, como já aconteceu mês passado com os fertilizantes, pode ocorrer uma redução de 1,5 milhão a 2 milhões de toneladas na produção russa do alumínio.

Para os analistas, o impacto não seria imediato por conta do estoque de pelo menos dois meses, mas, se esse período for superado, as consequências “poderão ser drásticas”. Isso porque o problema pode ser ampliado para diversos setores da indústria que dependem do alumínio, como o de embalagens, que usa o metal devido à sua leveza, resistência à corrosão e alta condutividade térmica.

Ainda na avaliação do UBS, embora muitas variáveis permaneçam incertas, a demanda mais fraca devido à alta inflação, a destruição da demanda induzida pelos preços e o aumento da produção/exportações chinesas sugerem que um preço acima de US$ 3,5 mil por tonelada não é sustentável no médio prazo. “Mas esperamos que fundamentos robustos sustentem preços mais altos e melhores margens para os produtores de alumínio nos próximos anos”, escrevem os analistas.

Ainda assim, As vendas globais de embalagens contendo alumínio devem aumentar acima de 4% CAGR  até 2031, atingindo  US$ 55 bilhões. Espera-se que a indústria de embalagens com alumínio se expanda positivamente, crescendo 1,5 vezes de 2021 a 2031.

Mas a escassez e custo elevado está obrigando os desenvolvedores e convertedores de embalagens flexíveis a rever soluções com redução ou eliminação do alumínio nesses produtos.

Estre as opções estão os monomateriais e coextrusados de Nylon e EVOH cuja combinação são poderosas barreiras protetoras dos alimentos e fármacos. Nylon e EVOH não são materiais abundantemente disponíveis, mas podem servir de alternativa em muitos casos.

Num mundo em que combinações de alumínio nas estruturas laminadas de embalagens flexíveis dificultam muito a reciclagem, o apelo do plástico como a Poliamida e EVOH é bem-vindo.

Naturalmente não é tão fácil reciclar o plástico como a poliamida ou o EVOH, mas já estão disponíveis no mercado aditivos que devem cumprir a função de facilitador dessa reciclagem posterior como o RETAIN™ da DOW e o GF20/GF30 da Kuraray, chamados de “modificadores de polímeros”.

A Dow desenvolveu a linha RETAIN™ de modificadores de polímeros para permitir a reciclagem de filmes multicamadas. Assim, filmes que antes não podiam ser reciclados, agora podem entrar em cadeias tradicionais de reciclagem de PE sem prejudicar as características do produto.

Os desafios das aparas de filmes laminados alta barreira

Até então, a reciclagem de filmes que contivessem polímeros polares, como EVOH e Nylon (poliamida), era bastante dificultosa pois são materiais que não se dispersam adequadamente em matrizes de poliolefina. Tentativas anteriores acarretaram numa baixa processabilidade e aparência desagradável para os produtos resultantes – fatores críticos de qualidade para muitos fabricantes e convertedores.

Os componentes polares são revestidos e encapsulados para facilitar a dispersão. Em misturas apropriadas, as resinas que se formam podem ser usadas em novos filmes “reciclados” sem prejudicar suas propriedades físicas ou óticas. Na verdade, em certos casos, essas propriedades são até mesmo melhoradas nos produtos reciclados.

  • Redução de Gel – O uso dos modificadores de polímeros RETAIN™ reduz significativamente a formação de géis durante a reciclagem de filmes quando comparados a outras opções do mercado.
  • Propriedades Óticas – O uso dos polímeros RETAIN™ como compatibilizadores em produtos reciclados à base de EVOH ou PA permite a retenção da transparência do filme controle.
  • Propriedades Físicas – Ao incorporar os polímeros RETAIN™ como compatibilizadores em produtos reciclados à base de EVOH e PA, é possível manter ou melhorar as propriedades mecânicas do produto original, especialmente o valor de dardo.

Há diversos outros benefícios de sustentabilidade e economia:

  • Os filmes de PE/EVOH produzidos com a incorporação de RETAIN™ já são reciclados em cadeias de polietileno em alguns países do mundo. Ex: How2Recycle
  • Oportunidade de compartilhar o seu sucesso com clientes e parceiros.
  • Eliminação ou redução dos custos associados à coleta, empacotamento e venda da sucata.
  • Melhoria no ciclo de reciclagem, evitando a venda da sucata a preços baixos, ou até mesmo gastos para descartá-la.
  • Possibilidade de divulgar seus produtos como “produtos de reciclagem pós-industrial”.
  • Contribuição para metas de “Desperdício Zero” e “Descarte Zero”.

Talvez essa situação da escassez do alumínio obrigue os convertedores a buscar mais alternativas viáveis e mais baratas e como consequência, ajude o meio ambiente num momento em que a palavra da vez no mercado de embalagens é a sustentabilidade.

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Dow

Kuraray

CBA

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